sábado, 16 de junho de 2012


Se eu pudesse viajar no infinito
e esquecer que todos os homens são corruptos
se eu pudesse controlar o tempo
e desligar de seus efeitos a eterna criança
se eu pudesse me perder em teu sorriso
e adormecer protegido por teus cabelos
se eu pudesse abolir a guerra
e aliviar a dor dos inocentes
se eu pudesse penetrar nas pessoas
e purificar a essência das almas
se eu pudesse me fazer entender
e ser ouvido por muita gente
seria o mais completo de todos os homens.

10/09/96 23:21

sábado, 9 de junho de 2012

O que incluir no poema para lhe dar
a forma desejada e sonhada com carinho
tão zeloso que beira a obsessão?

O que incluir no poema para que ele
se torne digno de ser lido e relido
copiado à mão por idealizadores românticos
entregue em forma de bilhete a apaixonados
por outros apaixonados que lhe roubem a autoria
digno de ser estudado e dissecado em análises
rítmicas, sintáticas, morfológicas, métricas, estruturais
por gramáticos e literários que lhe torçam o nariz
(não importa porque já seria realização suficiente
tomarem de seu tempo para notar que dissemos algo)
e quem sabe até figurar em coletânea de novos talentos?

O que incluir no poema, nós que por certo
nascemos no século errado, conformados já
ou não com a decepção de não ter nada a dizer
que já não tenha sido melhor expresso, composto
pelos que sabiam “eternizar a vida breve em arte”*?

O que incluir no poema, agora que a poesia morreu
e a palavra não possui a mesma força de outrora
e surgiram televisão e salas de bate papo on line
num tempo sem brilho além dos das vidraças
de escritórios intermináveis na Francisco Glicério
um tempo em que a graça das coisas esvaiu-se
restando apenas o cinza antipoético do concreto
e as pessoas não mais fazem viagens ao país dos sonhos
e não têm tempo nem interesse em ler poesias e romances
porque já não há mais nenhuma ingenuidade no mundo?

O que incluir no poema como ferramenta estética
nós, singelos operários sem carteira da palavra
proletários de poesia rústica, mal acabada
como havemos contornar o suplício de transcrever
em bela forma a amargura n’alma ressecada
como havemos disfarçar a ardente metalurgia
de produzir rimas menos que pobres, paupérrimas
para serem consumidas apenas por nós mesmos?

O que incluir no poema, que ingredientes usar
a fim de torná-lo atraente também a outros olhos
os olores de flores da primavera febril surgindo
pores-do-sol em horizontes sempre longínquos
a meia luz do abajur cortando a escuridão
quase palpável da noite mais negra, gotejando luz
como uma fonte reticente de idéias e desejos
escadas, pontes de madeira em cidades mineiras
anjos e fadas ou marcianos d’outra galáxia
casas amarelas com peixinhos azuis-celeste
paixões ardentes adolescentes salpicadas de perfeição
a inquietação juvenil arrogante, julgando-se capaz
de movimentos que transformarão o mundo
musas inspiradoras de formas perfeitas e almas límpidas
o ódio visceral, a morte abrupta, causticante
maravilhas mil de um Brasil antagônico
o que, afinal, incluir no poema?

Como fabricar o poema, produzir algo novo
vibrante, cheio de vida, detalhes e sentido
e não apenas plagiar e plagiar anjos e bandeiras
como ser mais que uma banda de rock pós anos oitenta
e na experiência da tentativa não ficar com cara
de grupo de pagode da estação passada?


Fechou-se a porta. A velha fábrica faliu.
Hoje apenas a industrializada produção em massa
de enlatados insípidos a serem consumidos em fast foods
nada que lembre a sutil delicadeza dos feitos à mão
de um séc’lo em que se espremendo forte a alma
retirava-se néctar a ser degustado prazerosamente.

24/04/05

*A Música da Terra – Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Na natureza substancial
ou na nova ordem mundial
na crise de meia idade
ou na batina do frade
no amor platônico
ou no laboratório atômico
no jeito de olhar
ou na poluição do ar
no vírus letal
ou na realidade virtual
no uísque escocês
ou no kamikaze japonês
na incerteza da questão
ou na ausência de solução
no cientista espacial
ou no pirata digital
no Van Gogh restaurado
ou no Beethoven regravado
no Shakespeare incompreendido
ou no Drummond esquecido
na crise de personalidade
ou na estátua da liberdade
na frase feita
ou no terrorismo da seita
no órgão competente
ou no solilóquio demente
na volúpia da canção
ou na busca de perdão
na manchete de jornal
ou na forma existencial
e na raiz peculiar
de tudo o que nos cerca
há a sinopse de caráter
e das mais intrínsecas
ambições humanas.
                                     26/06/95

Tenho uma vaga lembrança do mar
Onde as grandes ondas salgadas
Vindas de longe na praia vão quebrar
Trazendo mortas as vítimas afogadas
E vivas as que continuam a se arriscar
Pela coisa que mais amam
As águas do mar que as chamam.

Lá estive ainda era criança.
O estrondo da onda, majestoso
Dá à grandiosidade ar de desconfiança
E também medo do Netuno glorioso
Que pode fazer tempestade da bonança.
Esta é a crença que o marinheiro inventou
Temer a mitos e não ao Deus que o mar criou.

Grande mar, que escondem suas profundidades?
Teus mistérios excitam do homem a imaginação
Que até mesmo crer existir cidades
Como Atlândida, submersas em tua imensidão
E com elas tesouros das mais lindas raridades:
Vivendo entre monstros marinhos gigantes
Sereias que encantam marinheiros viajantes.

Grande mar, defenderás teu sábio Criador?
Mostrarás que estão todos enganados?
Pois quem te fez para ser o inspirador
De poetas que em rimas choram apaixonados
Aquele que te criou em incomparável esplendor
É o mesmo que louvo com estes versos:
Jeová Deus, o soberano do universo.
                         
94? 95?

segunda-feira, 21 de maio de 2012


Hoje é o meu dia.
Agora é o meu momento.
Nada há de me impedir
que eu complete minha saga.
Tenho uma faca entre os meus dentes
e o desejo latente de sair vencedor
corre por todas as minhas veias.
Meus olhos atentos, miram
uma única direção, sem vagueios
sem distrações, sem sonolência.
Minha mente está fixa, lúcida
guiando-me qual bússola capaz
enquanto em meu peito
outrora gélido e inóspito
meu coração arde em brasas intensas.
Respondem meus músculos
pistões descomunais que me conduzem
sem jamais almejar o descanso
até onde estará guardada minha recompensa.
Mas todo o maquinário de guerreiro
só se movimenta por uma força maior
indestrutível, um “poder além do normal”*
que vem de cima e é presente
não consecução.


*2 Coríntios 4:7

21-05-12   07:27

domingo, 20 de maio de 2012


O mundo que se apresenta
não é mais o meu.
Pertenço a lugar nenhum
amigos, não os possuo.
Não me enquadro mais em nada
canto nenhum me cabe.
Sou tudo e sou nada
meu corpo não mais contém meu espírito
a angústia agora exala
por todos os meus poros.
Meu habitat é diferente
estou forçado por estas jaulas
a estar aqui.
O aqui é onde? e muito esconde.
Aqui as bocas não falam verdades
as faces são ocultas por máscaras
e os corações se apressam
em sugar meu sangue
até que dele nada reste
além das manchas que respingaram sobre a roupa.
Meus olhos perderam o foco
e foco é o que nos mantém lúcidos
de modo que não mais consigo
traçar nenhuma rota segura.
Minha alma está vazia
completamente derramada nas folhas
nas telas, entre as teclas, no jardim.
O vírus letal que de mim tomou posse
deletou toda a alegria
corrompeu minhas virtudes
hackeou minha forças.

A vida permanece, contínua, atroz.
A vida ainda passa adiante dos meus olhos
e eu a vejo catatônico de minha janela
sem poder segurá-la
sem poder contê-la ou vivê-la
e o único desejo que me resta
é o de poder acordar.

20-05-12, 19:03

Amanhã serei um gigante
e conquistarei o mundo.
Serei gente grande
e no espanto de quem me encontrar
todos me temerão.
Serei um imperador
e nas raias sinuosas da lucidez
farei do mundo todo
um grande e alegre hospício.
Serei o dono das coisas
e no enorme tabuleiro de xadrez
em que controlarei o jogo das vidas
debater-me-ei em luta comigo mesmo
e superar-me-ei no árduo traçar
de estratégias e sairei vencedor
e as peças, subservientes
aos meus caprichos insanos
cairão diante de mim.
Amanhã serei homem
com asas de anjo
e voarei para bem longe,
onde nem o espaço me pode alcançar,
farei do incógnito subconsciente
minha casa, e do tempo
meu brinquedo particular.
Serei livre, livre de mim
e terei deixado para trás
a melancolia dos sentimentos
e das paixões humanas.
Serei tudo o que as pessoas mais querem
e o que elas mais odeiam
e têm medo de ser.
Amanhã serei mercúrio cromo
nas almas; serei o descobridor
das inocentes e o libertador
delas.
                                       03 e/ou 04/06/96

terça-feira, 15 de maio de 2012


Todos dormem na madrugada amiga
com quem divido meus pensamentos
minhas angústias e tristezas
alegrias poucas, constantes inquietações.

Todos dormem no escuro
e o escuro fica ainda mais escuro
quase palpável e me persegue
como um inimigo oculto
errando entre folhas e janelas.

O silêncio permanece. Um silêncio
quase ensurdecedor, um silêncio
totalmente ameaçador, quebrado
raramente pelas rodas de um carro.

Os olhos almejam ardentemente o descanso
mas a mente em constante ebulição
provoca os sentidos com enigmas
enquanto o sono brinca de pega-pega
e de pique-esconde comigo.

À minha frente o papel
em minha mão a caneta
a alma ansiosa por sair
e se revelar toda, completa.
Porém nada acontece. Nada.

Ficou difícil falar, difícil pensar
elaborar ideias, frases, rimas.
Resultam apenas rabiscos
frases desconexas, ideias incompletas
armadilhas e disfarces do subconsciente
como se houvesse necessário vestir-me
para não aparecer nu aos olhos de todos.

A noite se arrasta escuridão adentro
porquanto tornou-se ainda mais melancólico
o suplício de transcrever amarguras
e eu já me darei por vencedor
se como fruto de um esforço sobre-humano
no final eu tiver conseguido reter
junto a mim a minha fugitiva sanidade.

dez/12

domingo, 13 de maio de 2012

Pega a caneta e o papel
derrama sobre ele o teu fel
e livra tua alma ressecada
da dor, do amargor, da estocada.


Pega a caneta e grita com ela
pois o que se grita como o que se vela
liberta do jugo da consciência
e dá aos olhos a simples ciência.


Pois ainda que tua imagem brilhante
se embace por bem mais que um instante
tua essência ainda permanece inalterada
esperando ainda por ser lapidada.


Enquanto ainda te resta o tempo
escreve ainda que com mui sofrimento
algo que de bom possa ser dito
quando o tempo para ti se tornar finito.


08/06/11 - 22:45


Jailton Matos

sábado, 5 de maio de 2012


Amanhã serão dobras do tempo
impesquisáveis embora voláteis.
Hoje são apenas uma parte
da irresistivelmente complicada
necessidade de viver e conquistar
ainda um mundo de mistério
que seduz essencialmente por ser mistério.
O indisfarçável desejo de ser querido
faz-nos sombras de nós mesmos
escravos de um afeto que às vezes não vem
confusas criaturas de anseios e solidão.
18?19/05/98 0:48


Se olhar à sua volta
verá que não está sozinho
mesmo que assim pareça.
Existem os que te amam
embora não demonstrem
ou demonstrem e seja
você que não perceba.
Não que isto queira dizer muito.
Às vezes não diz nada.
Mas, às vezes é
a coisa mais importante
que poderia existir.
20?21/05/98 0:02

Matos della Rosa

quarta-feira, 2 de maio de 2012


O sapato
de couro que não é couro
mas só lhe imita
é sensação no mundo fashion.

O sapato
é a roupa do pé
e merece todo o cuidado
para permanecer brilhante
lustroso, irretocável.

O sapato
novo, sintético ou não
é o charme discreto
para quem é elegante
e já vem com um calo
de brinde.

O sapato
velho é jogado no lixo
depois de caminhar com seu dono
por tantas estradas
e lhe dar tantos confortos
mas já não presta
está horrível, ridículo
e é achado pelo mendigo sujo
para quem ele é
o sapato mais lindo do mundo.

O sapato
pode ser pisante
botina ou tênis
masculino ou feminino
social ou esporte
chique ou brega.

O sapato
calça os pés, a alma
e os sonhos do homem.

14?15/08/98 0:11

Jailton Matos
Coló

Minha avó é tão antiga quanto a dor
e a dor não a deixa só, jamais.
Minha avó carrega consigo
as chagas do tempo
e histórias tristes de se contar.
O tempo lhe roubou a juventude
a vitalidade e lucidez
e esculpiu em sua face
as marcas dos anos idos
tantos que nem sei contar.
Minha avó é um tesouro oculto
um acervo muito grande
de experiências e sentimentos
é patrimônio da família
dos filhos e do mundo todo.
Minha avó sofreu toda a vida
e na velhice continua a sofrer
com memórias que não posso apagar.
Minha avó é meu amor
meu sonho bom e minha riqueza
um carinho além de toda explicação.
Minha avó caminha de mãos dadas
com o tempo (ambos correm)
em direção ao paraíso.
Minha avó é minha criança.

à Maria Clotildes dos Santos

15(16?)/05/97 02:02
Jailton Matos

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Preciso do grito 
mas não posso gritar.
Preciso, necessito do grito
porém o grito fere os ouvidos
de todos os que não querem gritar.
Dependo do barulho libertador do grito.
No grito o silêncio é rompido.
A vida se exalta no barulho
simples, duro e espontâneo
que espanta para longe
a dor, o horror, o medo, o tédio.
Mas não posso gritar.
O grito incomoda vizinhos
assusta crianças e bichinhos
cães, gatos e passarinhos
e tudo o mais que rimar com inho.
Grito rima com ão
com a explosão de um vulcão
calado, contido
reprimido de sua intensidade
como se fosse qualquer outra rocha
outra montanha sem vida.
Mas o vulcão não é.
Um dia o vulcão grita
e grita num maravilhoso estrondo de liberdade.
Mas eu não posso gritar.
Permaneço calado, frio e duro por fora
como aquela rocha morta.
Minha alma inquieta, apressada
em intensa ebulição, permanece
desejando, almejando o grito amigo
que virá sem dúvida, trazendo o alívio.
Mas eu, eu não posso gritar.
Se eu gritasse seria mais leve
minha alma mais límpida
e minha mente ficaria livre
completamente livre dos anseios
dos temores e dos rumores.
Mas não, não posso gritar.
Todos me tomariam por louco
(quando loucura é não poder gritar)
e a sanidade é o pouco que me resta. 
Embora ora não pareça
tenho meus bons momentos de lucidez.
Nos demais, continuo com vontade de gritar.

                                                   dez/12

Jailton Matos


sábado, 28 de abril de 2012

A vida começa nos jardins
e no princípio tudo é muito
mais belo e colorido entre flores.
A rosa cravada em espinhos –
há nela a essência e o perfume
das mais surpreendentes emoções –
síntese de delicadeza e perfeição
in un perfetto paradiso
te empresta beleza e charme
e é agora simples graça
e sedução, gentilmente
presa em teu vestido.
Em ilusões criadas
à partir de fragrâncias
é neles que me perco completo
em teus braços e beijos de
rebelde fiore e selvagem
e adormeço ainda entorpecido
pela mesma menina fria
“bella come la luna piena,
pura come il fulgido sole”*
e sempre acordo depois
com o gélido orvalho sobre mim
resfriando e aumentando a dor
di amore immaturo e possessivo
e me levando aonde é mais forte
mia amata solitudine.
Então me vejo correndo
fugindo de ti e de mim
estupidamente veloz e aleatório
em campos e colinas floridas
ou imóvel e depressivo
enraizado junto ao chão
como uma orquídea maldita
num jardim de Burle Marx.

A vida começa nos jardins
e às vezes termina neles.

19/10/96 0:37
Cântico de Salomão 6:10

Jailton Matos

sexta-feira, 27 de abril de 2012


O Ruído

O ruído
Som sem sentido
Destrói de passagem
A mensagem pensada.

O ruído
Teme o gemido
Geme o sentido
Perturba, conturba.

O ruído
Contrai as idéias
Distrai as platéias
Desvia o sentido.

O ruído
Roda incomoda
Agita irrita
O sentido perdido.

O ruído
É alarido estampido
Barulho puro
Duro em pancadas

Frases mal traçadas
Sem aparência lógica
De conveniência ecológica
E demência declarada

No objetivo furtivo
De apenas penar
A concentração quebrada
Pelo próprio ruído.

O ruído
Convém convencido
Contar peripécias
Sustendo inépcias.

O ruído
Não mais ouvido
Dança cansa cala-se
Vencido pelo sentido.
                     30/08/95

Jailton Matos

quinta-feira, 26 de abril de 2012


O Som Perfeito

O som perfeito
é a palavra ideal
apta do instante preciso.
O som perfeito
é dor e amor
exprime e reprime
encanta e espanta
declara e cala.
O som perfeito
é feito completo
no mais silencioso
e íntimo gemido.
                          09/06/95


Jailton Matos
A Visão


Eu vi uma menina
Dessas que parecem mesmo
Uma boneca de louça

E ela tinha movimentos
Sorrisos, gestos, vida
Na dança da inocência.

Eu vi bebês ingênuos
Traquinando com monossílabos
E fazendo poesia no olhar

Para mamães de areia
Que se derretiam ao calor
De raios trêmulos de sol.

Eu vi crianças jogando
Esconde-esconde nas nuvens,
Pequenos perdidos de Peter

Voando sem perlimpinpin
Viajando em quimeras
E panteras do tempo.

Eu vi a filarmônica angélica
Pairando beleza translúcida
Executando com estilo único

A sinfonia do amanhecer
Proibida, em tom divino,
A nossos ouvidos terrenos.

Eu vi um bale clássico:
Querubins e serafins dançando
Sobre notas de cristal.

Eu vi anjos em queda livre
E um menino travesso
A derrubá-los com pedras de bodoque.
                                                21/09/95

Jailton Matos

domingo, 22 de abril de 2012


Sobre as Nuvens


Aqui em cima
onde o céu se confunde ao mar
(alquimia de nossa imaginação)
entre a densa neblina de paz
e o tempo parece não existir
ou não se incomodar em correr
o perigo é ainda mais fascinante
e a palavra liberdade e sua
possibilidade, parecem assumir
novas dimensões, novo significado
como se fossem totais e infindáveis.

Aqui em cima
quando o coração olha o horizonte
enxerga nele quem muito se ama
a saudade vem muda e certa
e desejamos levar um pedacinho de nuvem
para quem está longe
como presente de lembrança
mas é tão difícil descer para alcançá-las.

Aqui em cima
somos todos mais puros
e os homens são como os anjos:
vivem num céu de brinquedo e mistério
a contemplar belezas inimagináveis.*

05/01/97 02:05
Campos do Jordão

Jailton Matos

sábado, 21 de abril de 2012


O ponto.
A vida
a arte
o grito
o gol
a luz
o escuro
o verde
a pedra
a selva
o mármore
a guerra
a fé
a noite
o sonho
o engano
a verdade
o barco
a vela
a chama
o ontem
o presente
o porvir
a casca
a alma
o relógio
os sapatos
o celular
o óbvio
o subliminar
a história
a laranja
o sangue
o espaço
a palavra
a dor
o amor
o fôlego
o êxtase
a morte
o ponto
·
Pronto.

2005

 
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