segunda-feira, 30 de março de 2015

Um Outro Olhar: Nuvem

Nuvem é o terceiro livro de poesia de César Nascimento. Lançado no final de 2012, contém 25 poemas e é recomendado àqueles que gostam de poesias, estão à procura de livros, mas que ainda não encontraram um para se iniciar neste gênero! Quem se deixa levar emocionalmente por fotografias e imagens, vai gostar da capa de Nuvem, projetada criativamente pelo próprio poeta.
Com uma linguagem bastante acessível que passeia por todas as páginas do livro, esta parece ser a principal característica deste poeta nascido no Rio de Janeiro, mas que viveu em vários países. Com temas que vão desde o amor, lembranças da infância, chegada da velhice e medo, Nuvem traz escritos que merecem ser relidos vez ou outra, por puro prazer de ler poesias.

Para quem gosta de ouvir leitura de versos, Nascimento disponibilizou no YouTube algumas poesias deste livro recitadas por ele. Estão lá Pequeno Lamento, Cantiga, Nuvem e O Nome da Rosa, uma das mais lindas publicadas nesta sua obra.

Ósculos e amplexos, moçada poética!

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Você pode fazer o download gratuitamente do livro no link:






sexta-feira, 27 de março de 2015

Conturbada

Acordei na tarde de hoje, pensando já ser dezembro. Alguns velhos pensamentos amaçados na mente. Que maltratam o físico. Analisei respostas para as perguntas feitas durante o processo de amadurecimento diário. As cordas vocais não expressam o que a mente tanto procura. 
Os sentimentos continuam os mesmos diante de tantas oportunidades que a vida é capaz de trazer. A decepção é presença contínua em relação àqueles sonhos trancados na gaveta. Alimento a alma com aquilo que melhor me faça sorrir. Porém, sinto que as dúvidas ainda podem aparecer.
Tenho certezas coloridas no meio de um universo tão nublado. Essas que podem mudar um pequeno gesto ou escolha. Encontro dentro de um contexto cultural, algo que talvez faça sentido em determinado momento. 
O medo cerca, prende. Vivo em uma sociedade que julga as escolhas alheias, com pressão e olhares dos quais nem esperamos. Sentimo-nos sem saber se o que estamos fazendo é realmente certo. Além, do julgamento daqueles que não sabem o que dizem, temos o interno que por vezes causa mais problemas do que o externo.
Queremos isso, mas estamos presos a pensamentos sem sentido, que acabamos deixando de lado, algo que possa nos fazer mudar, crescer e ir tão longe quanto à lua.
Se dezembro já fosse, seria tudo ainda mais assustador. Mas ainda bem que a realidade me mostrou que ainda é março, e que ainda existe tempo. Aliás, no fim das contas, sempre existe tempo para realizar e recomeçar, é preciso apenas deixar, que as cores da vida, entrem nesse universo de desespero e dor. Que os sonhos sejam maiores do que o medo, e que possamos chorar, secar as lágrimas e continuar, sendo aquilo que realmente esperamos ser.



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terça-feira, 24 de março de 2015

Paixão Lusitana: Paixão por escrever



Puxei o teclado para mim para escrever sem destino e lembrei-me, então, de como gostei de aprender a escrever. Agarrava no lápis com a sofreguidão de um primeiro amor e desenhava traços e círculos numa construção de palavras e logo frases que primeiro significavam coisas, depois passaram a contar coisas acontecidas, até que puderam ser elas próprias lugares, ideias, sentires ...
Nem o martírio do aparo e do tinteiro me abrandaram no prazer da escrita. As nódoas azuis na bata matinalmente imaculada pela lixívia, eram as testemunhas do correr feliz do aparo pelo caderno de linhas vigiado pela sr.ª Dona Lucinda.
Um dia passei a escrever sonhos lindos, parecidos com as histórias que entretanto aprendera a ler. E escreveram-se diários sem conta: amizades feitas e desfeitas, amores e desencontros, acontecimentos e tudo o mais que fosse digno de registo fechado à chave. Pelo meio umas contribuições para os jornais da escola e para revistas infantis e juvenis enchiam-me de orgulho e muitas cartas, também, me saíram das mãos: para os primos do Brasil por encomenda da avó, para amigos estrangeiros conhecidos através de outros, emigrantes, postais de férias, de aniversário e, mais tarde, as cartas de amor!
O meu pai ensinou-me, ainda pequena, a escrever à máquina numa Royal, agora objecto de decoração e de memórias lindas. Mais tarde, rendi-me sem grande esforço aos teclados dum Xpectrum, dum Mac e outros que se lhes seguiram, mas sempre com a cumplicidade de umas quantas Bics. Tenho de escrever sobre assuntos profissionais, frequentemente, e faço-o com agrado. Mas este gosto da escrita pela escrita ... ah! esse faz-me encontrar novos sentidos!
E dou a voz do meu sentir a um poema de Assim:


poetas

já viram um poeta escrever?
fascinante!
todo ele é voz
é movimento
o corpo baila em torno da mão
num eixo que ela mesma traça
é o poema, vivo
as palavras que ficam
são a penumbra imagem do momento
e se recria se outro poeta as lê.

já viram um poeta ler?
fascinante!
todo ele é voz 
é movimento 
o corpo baila em torno dos olhos
num eixo que eles mesmos traçam
é o poema, vivo
as palavras, se abandonadas 
são a penumbra imagem dos momentos
quando um poeta escreveu
e outro leu


antónio assim d'oliveira

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sexta-feira, 20 de março de 2015

CORRESPONDÊNCIAS

De: Alef de 2015
Para: Alef de 2006
Caro-Alef-do-passado, como você já leu acima, eu sou o Alef do futuro. Ou seja: você daí a nove anos. Gostaria de pedir encarecidamente pra que você levasse os seus estudos a sério e parasse de reprovar. Sim, eu sei que você vai me inventar a desculpa de que a professora é chata e não gosta de você. Essa desculpa não cola comigo, afinal, sou você. Eu inventei essa desculpa! Não estou pedindo pra você parar com as zoeiras, nem com a piada do não-e-nem-eu, muita gente ainda vai cair nela. Só quero que você não estrague o seu futuro por causa das reprovações constantes. O seu futuro pode ser maravilhoso se você parar de soltar bombas no corredor da escola. Ainda falando nisso, quero te deixar um alerta que pode mudar todo o rumo da sua vida: sabe aquela colega de sala que sempre pede o seu apontador emprestado e você acha ela a mulher mais bonita do mundo mesmo ainda não conhecendo a Chloë Grace Moretz? pois é, essa menina vai rasgar o seu coração em pedacinhos e dá-los pros cachorros da rua comerem. Agora mudando de assunto. Sua avó, mãe do seu pai, que mora em João Pessoa, vai morrer em 2014. Pois é. Mas dias antes da morte dela você vai passar dois meses lá. Ela é uma pessoa maravilhosa. Vai adorar conhecê-la. Você ainda vai escrever muitas coisas sobre ela. Ah, esqueci de te contar: você é metido a escritor! 
PS: sobre a garota que pede apontador: apaixone-se cegamente por ela. Vai te render bons poemas.


De: Alef de 2021
Para: Alef de 2015
Caro-Alef-do-passado, aqui fala o Alef do futuro. Hoje é um dia muito importante pra você. Cheguei agora da sua formatura. Sim, isso mesmo. Logo você que vivia dizendo que nunca entraria na faculdade. Pois é. A partir de hoje, você é um psicólogo! Parabéns por nunca desistir desse sonho, cara. E obrigado pelo esforço danado que fez pra passar no vestibular. Mas o que me motivou a escrever esta carta, não foi apenas a formatura. Mês passado sua esposa –sim, você casou aos 24 - te deu a extraordinária notícia de que está grávida! Sim, cara! Isso mesmo... vai ser pai! Você não imagina o tamanho da sua alegria. Vai ser uma menina; o que você mais temia, mas no fundo queria que fosse. Vou zelar o seu desejo do passado e nomeá-la Sofia. Pai, Alef. Você é psicólogo e pai! Que orgulho!
PS: caso esteja curioso pra saber quem vai ser sua esposa: lembra da menina do apontador? 
PS2: preserve as suas amizades. Sem elas, você não seria feliz.
PS3: você já escreveu e lançou mais livros do que sonhou escrever.


De: Alef de 2038
Para: Alef de 2024

Querido eu do passado. Escrevo para vós e trago boas notícias. Sua filha Sofia passou no vestibular pra Medicina! Quem diria hem? Ela está realizando o sonho que você deixou de lado por conta do trabalho. Ela é uma menina linda. Pele branca feito a neve, cabelos loiros e – o mais esperado – seus olhos verdes. Tanta beleza assim só poderia atrair um tanto de marmanjo que vive no pé dela. Mas fique tranqüilo, você a ensinará bem a lidar com esses casos. Afinal, você é um dos melhores psicólogos do país. Queria te dizer também que sua esposa continua belíssima e é uma extraodinária companheira. Um de seus melhores amigos faleceu recentemente. Câncer. Você não está se sentindo bem faz meses, mas no fundo, sente-se feliz por ter conhecido um cara maravilhoso como aquele. Não direi o nome dele. Será melhor assim. Aproveite cada momento com cada um de seus amigos.
PS: não despreze aquela caminhada que você adora fazer. Acredite ou não, você está engordando.
PS2: você conseguiu comprar aquela casa de praia que tanto sonhou.


De: Alef de 2054
Para: Alef de 2037
Grande Alef! Como vão as coisas? Outra vez lhe escrevo numa data importante pra você. Hoje, menino, você está completando 60 anos. Seus irmãos estão todos aqui na sua casa. Infelizmente a alguns anos seus pais morreram. Embora você sempre pensasse que eles seriam eternos. Mas essa é a vida. Pessoas morrem para nascerem outras. E advinha só quem nasceu a poucos anos? Seu neto Alessandro, filho da Sofia. É bonito igual você. Puxou ao avô todinho! Passa o dia na sua casa correndo e bagunçando tudo. Sua filha Sofia casou-se com um rapaz direito e de boa índole. Médico assim como ela. Os dois se amam muito. Lembra quando você vivia dizendo sobre aqueles velhos que não fazem nada além de jogar dominó com os amigos e viajar?! Pagou com a língua! Você será um daqueles velhos. De uma coisa pode ter certeza: você carregou seus amigos até aqui. Parabéns por isso. Agora preciso parar de escrever, parece que Alessandro escondeu as chaves do carro. Ê netinho danado.
PS: sua esposa continua formosa, só mudou a idade.


De: Miguel em 2086
Para: Alef de 2073
Oi, o senhor não conhece eu, mas mim chamo Miguel. Sou filho do Alessandro, seu neto. Quando nasci, senhor já não existia mais. Disseram que está no céu. Espero que é verdade porque o céu é bonito e azul. Eu tem apenas seis anos. Mas já sei ler escrever. Gosto dos livros que o senhor escreveu. Principalmente do livro Bob Marujo. Todos aqui de casa diz que o senhor era o máximo. Queria muito ter conhecido. Pedi pro papai dar pra mim o violão que o senhor deixou. Mas ele disse que eu deveria escrever uma carta pedindo. Bisavô, posso fica com o seu violão?


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domingo, 15 de março de 2015

Hoje Toda & Qualquer Poesia traz um convidado especial, o autor Roque de Ávila Jr, com um texto super original:

A Dieta da Dra. Ronalda
Por Roque de Ávila Jr.

- Não há como dar errado, Dona Otávia. Seguindo esta dieta, seu filho vai emagrecer consideravelmente e sem ingerir qualquer medicamento. 
- Muito agradecida Doutora Ronalda. Mas a senhora me desculpe, eu não estou acostumada com letra de médico. Pode me explicar melhor em que consiste exatamente essa dieta?
A nutricionista sorriu com amabilidade.
- Claro, Dona Otávia, preste atenção: teu filho precisa de proteínas. Carne é muito rica em proteínas. Então sugiro que dê a ele todos os dias uma pequena porção de carne, cerca de 112g já basta.
- Ele não é fã de carne...
- Faça assim então: mande moer a carne, tempere e prense como se fosse um bifinho. Com pouco óleo, faça a carne na chapa. Ele vai adorar, porque já estará temperada! Pode servir com um pouco de alface picadinha, para ficar colorido. É saudável e é muito gostoso. 
A mãe fez novamente aquela expressão de que o filho continuaria a não gostar. Então, antes que a mãe argumentasse um novo impedimento do garoto às suas recomendações, a médica continuou a orientar:
- Acrescente também queijo. É rico em cálcio e previne diversas patologias ósseas.
- Ele não gosta muito de queijo...
- Ora, coloque então um molhinho especial e a senhora vai ver como ele come. Ainda mais se acrescentar cebolas picadinhas. Cebola é algo extremamente saudável, contêm antioxidantes e é muito boa para o sistema imunológico!
- Ih, Doutora Ronalda, então piorou! Ele detesta cebola!
A médica já estava achando o garoto enjoadinho demais. Todavia, tentou ser tolerante:
- Misture um pouquinho de picles. É super baixo em calorias e dá um gostinho que disfarça a cebola. Aliás, faça também o seguinte: ponha tudo isso num pãozinho e ele vai adorar.
- Mas tem que ser pão? Ele não suporta pão!
- Veja, - disse a doutora, já impaciente – muita gente se esquece que o pão, em quantidades recomendadas, é um alimento rico em fibras e vitaminas. É bom comer um pouco. Existem alguns bem legais... experimente o que tem gergelim, que é algo rico em minerais e é muito gostoso.
Doutora Ronalda fechou decididamente sua caneta e retirou os óculos:
- Então estamos combinadas?
- Ó, doutora, muito obrigada. Mas só tenho uma dúvida: a cada seis meses meu filho me pede para comer sanduiche no shopping. Há algum problema nisso, doutora?
A médica então diz a Dona Otávia, mirando-a com um sério olhar de censura:
- É óbvio que há problema! A senhora é louca de dar esse tipo de alimento ao seu próprio filho?!
A médica então deu as costas e deixou a sala resmungando sozinha: 
- Quanta ignorância, meu Deus! Quanta ignorância!


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Roque de Ávila Jr é professor de artes, artista plástico e escritor, autor do livro Peles (Chiado, 2014).



Acompanhe o autor pelo facebook 


ou pelo seu blog
Roque de Ávila Jr


Você pode adquirir o livro Peles pelo site da 
Livraria Cultura 

terça-feira, 10 de março de 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

Uma Vida Literária: Esconderijos do Tempo

Como quem me conhece sabe que adoro ler, meu melhor amigo, Thiago, me deu de presente um livro de Quintana, o “Esconderijos do Tempo”.
Fui tomada por uma nostalgia, uma sensação de que a poesia tinha entrado no meu quarto e se escondido em algum canto, pra nunca mais sair. Cada página mostra a expressão do amado poeta que conquistou o Brasil com seus versos maravilhosos. Quintana soube falar o que sentia e fazer com que nos identificássemos de maneira singular.
Indico essa obra pra quem quer sentir a beleza da poesia, ler um livro de qualidade e relembrar a obra de um poeta tão simples e expressivo da nossa literatura. Doce, gostoso, agradável e capaz de nos fazer viajar!
Deixo aqui um dos poemas do livro, só pra mostrar o quanto é bom:



Se o Poeta Falar Num Gato

Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade...
se falar numa esquina mal e mal iluminada...
numa sacada... num jogo de dominó...
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade...
se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol...
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!



Um forte abraço ao Thiago Moraes e a você que me lê!
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domingo, 1 de março de 2015

Flor-de-Novembro* 
Parte I - Maria João

      Pequenina ainda achava-se a pessoa mais feia do mundo. Olhava-se no espelho quebrado da velha penteadeira da mãe – penteadeira que parecia ter atravessado séculos – e o que via a assustava tanto quanto uma aparição. Achava o nariz desproporcionalmente grande, o rosto torto, os olhos muito arregalados. Não se via como as outras meninas, nem como as da rua, menos como as da escola, tão lindas em suas tranças e em seus vestidos bordados. Seu cabelo de tão embaraçado, era sem jeito. Nada lhe ornava. Nada lhe ficava bem. Sua roupa, sempre uma calça comprida, quando não, um calção. A mãe fazia faxinas e ficava fora boa parte do dia; logo sobrava pouco ou nenhum tempo para cuidar da filha. Cansada de vê-la desarrumada, com os cabelos despenteados parecendo “ninho de rato”, a mãe resolveu cortá-los bem curtos, àquele modo a que chamamos de “joãozinho”. Ela tinha oito ou nove anos. Junto às mechas que caíam misturavam-se as lágrimas dos olhos premidos da pequena, enquanto suas mãozinhas inquietas percorriam pernas e joelhos e os dentes tensos mordiam os lábios.
– Que é isso, menina? Tá morreno, é? É só cabelo; cresce de novo. Agora vê se aprende a cuidá.
Viu-se no espelho. Agora, além de feia não tinha mais cabelo. A mãe lhe mandou à padaria naquela hora da tarde em que saía o pão quentinho. Os clientes eram atendidos um a um; um a um saíam satisfeitos, e Juliana por ali, perdida entre pernas e prateleiras, sem dizer uma palavra.
– Ô, muleque! O que cê vai querer? – clamava de lá o balconista.
Juliana já se impacientava de tanto esperar, mas não era capaz de reclamar. Um entrava, logo saía com seu pedido; chegava outro, outros tantos adultos mais importantes, ninguém via uma menininha tímida, incapaz de se manifestar.
– Ô, muleque! Ô, muleque! Você que tá aí parado!
Juliana olhou para o cara que gritava tanto e só então percebeu que o balconista estava falando com ela.
– É você mesmo, muleque. Que cê vai querer?
Moleque!? Moleque!? Juliana ficou com a face rubra de vergonha e a mente negra dos piores xingamentos que a sua inocente cabeça conhecia. O que aquele desgraçado estava pensando? Teve vontade de quebrar o balcão de vidro e dizer para aquele idiota que ela era menina, “me – ni – na” .  Quis mandá-lo para o inferno, ou pior, “para aquele lugar”. Mas ao invés disso, falou baixinho:
– Me dá cinco pãozinho.
Nasceu na escola, no dia seguinte, e escapou para a rua, para o balanço, para a praça, para a vida, o apelido que a acompanhou por toda a adolescência: Maria João.
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* Baseado em conto homônimo publicado na antologia do 13º Prêmio Escriba de Contos (2013), de Piracicaba - SP

 
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