Todos
dormem na madrugada amiga
com quem
divido meus pensamentos
minhas
angústias e tristezas
alegrias
poucas, constantes inquietações.
Todos
dormem no escuro
e o
escuro fica ainda mais escuro
quase
palpável e me persegue
como um
inimigo oculto
errando
entre folhas e janelas.
O
silêncio permanece. Um silêncio
quase
ensurdecedor, um silêncio
totalmente
ameaçador, quebrado
raramente
pelas rodas de um carro.
Os
olhos almejam ardentemente o descanso
mas a
mente em constante ebulição
provoca
os sentidos com enigmas
enquanto
o sono brinca de pega-pega
e de
pique-esconde comigo.
À minha
frente o papel
em
minha mão a caneta
a alma
ansiosa por sair
e se
revelar toda, completa.
Porém
nada acontece. Nada.
Ficou
difícil falar, difícil pensar
elaborar
ideias, frases, rimas.
Resultam
apenas rabiscos
frases
desconexas, ideias incompletas
armadilhas e disfarces do subconsciente
armadilhas e disfarces do subconsciente
como se
houvesse necessário vestir-me
para
não aparecer nu aos olhos de todos.
A noite
se arrasta escuridão adentro
porquanto
tornou-se ainda mais melancólico
o
suplício de transcrever amarguras
e eu já
me darei por vencedor
se como
fruto de um esforço sobre-humano
no
final eu tiver conseguido reter
junto a
mim a minha fugitiva sanidade.
dez/12
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