Natália Brandão
Ela é jovem, ela é bonita, ela é
divertida, ela tem uma legião de fãs. Autora de “O Moço e o Ócio” (
Scortecci-2013) Natália Brandão é a
entrevistada deste mês de Toda & Qualquer Poesia. Confira agora!
T&QP – Natália, conte um
pouco de você pra gente.
Natália Brandão – Meu nome é Natália Brandão, tenho 23 anos,
moro em Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, por enquanto. Moro aqui porque é a
minha cidade natal e perto da faculdade, é uma questão de rotina e comodismo,
mas já existem pensamentos quanto a morar em outros lugares. Eu faço
bacharelado em Gestão Ambiental, na UFRRJ, nada relacionado à Literatura, mas
eu aprendi a me apaixonar pelo curso e pelo meu futuro profissional.
T&QP – Natália Brandão é religiosa?
Natália Brandão – Eu fui criada na igreja católica, não vou
mais, mas fez parte da minha criação. Eu não acredito muito nos dogmas impostos
pelas igrejas e isso acaba afetando bastante a minha relação com os meus
credos. Tem dias que acordo disposta a acreditar em coisas infinitas ao meu
redor, em outros me faço um milhão de perguntas científicas pra tentar me
encaixar no lugar em que estou hoje.
T&QP – Mas você acredita em Deus?
Natália Brandão – Acho que acreditar, no final das contas,
todo mundo acredita, né? Mas eu acredito em uma força suprema, que alguma coisa
nos mova, não uma pessoa ou algo do tipo, é um assunto bem difícil de
expressar.
T&QP – Falando de sua carreira, quando
você começou e o que te levou a escrever?
Natália Brandão – Eu comecei a escrever com 17 pra 18 anos.
No começo eram textos motivacionais, algumas exposições de sentimentos
cotidianos em relação ao mundo, até os 19, quando descobri que eu talvez
tivesse vocação pra escrever pra alguém. O cotidiano me leva muito à escrita;
eu sempre li bastante e então quando senti que eu podia também transmitir as
minhas coisas foi extraordinário.
T&QP – Como foi a experiência de lançar um
livro seu?
Natália Brandão – Foi incrível, às vezes eu olho pra ele e
fico me perguntando se é real mesmo. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha
vida.
T&QP – E você pretende lançar outros?
Natália Brandão – Quantos der, espero que muitos ainda.
T&QP – Quem é que te
inspira, hein?
Natália Brandão – Essa é a pergunta que vale um milhão de
dólares! (risos)... As pessoas perguntam bastante sobre isso, sobre quem é que
me faz ter essa vontade louca de escrever.
A verdade é que alguns caras simplesmente me inspiram, óbvio que de
maneiras diferentes, alguns conseguem mudar e interferir totalmente o meu modo
de escrita e o jeito como falo sobre amor, outros estão só atravessando a faixa
de pedestre e trazem algo consigo, que eu mal sei identificar e aí escrevo.
T&QP – Muita gente te elogia... Como você
se sente ao ver esse carinho do público?
Natália Brandão – Essa é a parte mais fantástica, é incrível
ver as pessoas elogiando e dizendo que é como se eu vivesse a vida delas. Dá
vontade de escrever o triplo e eu me preocupo muito quando algum leitor tá
passando o mesmo que eu em algum texto que é meio triste, meio que dá vontade
de abraçar e, que sorte que palavras às vezes viram abraços!
T&QP – Você esperava essa repercussão?
Publicar, virar escritora, ser reconhecida por um público?
Natália Brandão – Não, eu nunca esperei tudo o que aconteceu,
nunca tinha me visto como escritora e até hoje não me vejo, em alguns dias.
Quando eu lancei o livro, eu tinha certeza de que não venderia nem um, mas nas
primeiras semanas eu levei pilhas e pilhas de livros aos correios, foi
inspirador. Teve muita gente que me
ajudou e me incentivou no meio do caminho e que ainda faz parte da realidade. O
Túlio, que fez a capa do livro e o site, que sempre foi meu melhor amigo no
meio disso tudo, a Erika Lina e a Agnes que cuidam e divulgam a página sempre
com o maior carinho. Eu não seria metade das coisas que eu sou sem eles,
definitivamente.
T&QP – Qual é o seu trabalho preferido,
aquele pelo qual você tem um carinho especial?
Natália Brandão – Meu trabalho preferido é o do verso do
livro, porque eu consigo enxergar toda a cena na minha cabeça, como se fosse um
filme.
“Vesti sua camisa dos Strokes essa manhã
e ri das reclamações sobre eu usar mais as suas camisas do que as minhas. Tem
uma paz indecente entre a gente, gritando o nosso desleixo com tanto
sentimento. Da cozinha dá pra ouvir o disco do The Doors abrigando a vitrola,
algo sobre ‘Quem você ama agora?’ E quem vai dizer que é mesmo amor o que a
gente é daqui de dentro? Ninguém vai arriscar ser o primeiro a dizer que sente,
a dizer que não mente, quando fala em ficar. Ninguém vai querer as obrigações
de ser o primeiro a chegar e o último a partir, mas vai ter sempre alguém
querendo voltar. A transcendência ao orgulho quando a saudade diz a quem
pertence nosso coração. É essa a vida que eu escolhi pra ter, pra brincar de
ser você e pra gente não ter que ir embora, mesmo que o drama seja exagero e a
loucura, transparência.”
T&QP – O que você acha da poesia
contemporânea?
Natália Brandão – Acho incrível o modo como os artistas
conseguiram solidificar os pensamentos, a poesia hoje é sentida e vivida em
cada palavra.
T&QP – Como você acredita será o futuro da
literatura?
Natália Brandão – Tem muita coisa boa surgindo agora,
principalmente na minha geração, acho uma pena que a literatura seja tão
desvalorizada no Brasil, espero que a força de vontade dos artistas seja maior
do que essa desvalorização.
T&QP – Defina Vinicius de Moraes.
Natália Brandão – O Vinicius devia ser beatificado por transmitir
amor, é surreal a quantidade de sentimento que cada palavra que ele escreveu
transmite.
T&QP – Defina a obra de Clarice Lispector
em uma palavra.
Natália Brandão – Exuberante, sempre exuberante.
T&QP – Em que projetos você está
trabalhando atualmente?
Natália Brandão – Eu tenho alguns projetos na cabeça, mas pro
papel mesmo, só um livro novo, que está terminando de ser escrito.
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