quinta-feira, 18 de setembro de 2014




O Sorriso
para Isabel Mantovan

A imagem que de ti carrego
não é a tua imagem última, que não era a tua
nem a dos anos de dor e perucas
(mesmo neles teu sorriso resplandecia
e continuava forte e bonito)
aquilo tudo uma piada de mau gosto.

Contigo aprendi um novo sentido
mais abrangente da palavra amizade.
Sei que agora não podes me ouvir.
Não me perdoo não te ter dito
enquanto ainda era tempo
o que ia aqui por dentro e devias saber.
Agora acumulam-se os anos de tua ausência
e teu rosto vai-se apagando nas areias da memória.
Mas não quero perder o que me restou de ti:
teu sorriso verdadeiro e bonachão
teu carinho singelo e fraternal.
A imagem que busco preservar de ti
é a da irmã-mãe-companheira-amiga
a imagem da fé e da lealdade
a imagem da unanimidade do afeto.

Quando tu voltares (e sei será logo)
contar-te-ei da dor de teu amado
do orgulho no olhar de tua filha
e que a tua foi a despedida mais triste.

Contar-te-ei mais, irmã.
Falar-te-ei do privilégio que foi
ter sido teu amigo.




Jai Matos della Rosa
imagem: foto da coleção de Dani Oliver

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