Novidade!
A partir de agora Toda & Qualquer Poesia abre espaço no blog para
maior divulgação de poetas e escritores contemporâneos, aqueles que fazem hoje
a nova literatura de língua portuguesa, seja a brasileira ou de outros países lusófonos. Há pouco espaço na mídia convencional para estes.
Pretendemos assim fazer a nossa parte, abrindo um canal para se melhor conhecer
nossos artistas. E para começar, nada melhor que uma poetisa de extremo
carisma: Lena Ferreira.
''Nem tudo o que escrevo, vivo mas vivo tudo que escrevo (enquanto escrevo).'' |
T&QP – Fale um
pouco sobre você e suas crenças. Quem é Lena Ferreira?
Lena Ferreira – Meu
nome é Marilene Ferreira de Oliveira, mas desde sempre, chamam-me de Lena.
Tenho 45 anos, estreados em 08/7 no Rio de Janeiro onde moro desde então.
Casada, tenho dois filhos, meninos. Sou professora por formação embora não reja
uma turma há tempos. Creio num Deus que independe de templos ou ritos para
manifestar sua graça. Creio que Ele habita em mim e minha função é zelar por
esse templo composto por mente e corpo e isso independe de religião.
T&QP – Quando
você começou a escrever?
Lena Ferreira – Fui
alfabetizada cedo e a curiosidade despertou o gosto pela leitura. Com 13 anos,
atrelada à imaginação fértil, escrevia redações primárias que minha primeira
professora incentivava e me estimulava a ir além. Brindou-me com livros e
livros que devorava e quanto mais o fazia, mais criava. Seu nome, Margarida
Alves, saudosa...Já adolescente, fui apresentada a Camões e me encantei-me pela
sonoridade das rimas e suas palavras rebuscadas me apresentaram a um amigo que
prezo muito: o dicionário. Talvez daí tenha surgido a paixão pelas palavras e
a poesia em si em mim.
T&QP – O que te
levou a escrever?
Lena Ferreira – Talvez
o que leva a muitos a recorrer à escrita; o fato de não conseguir verbalizar o
que sentia. Poemoterapia, a princípio. (risos)
T&QP – Quem é
que te inspira?
Lena Ferreira – Dizer
quem ou o que me inspira é vasto. Leio um poema de Cecília, um soneto de
Florbela, um texto de Clarice, uma frase de Buda, vejo uma imagem, ouço uma
história, vivência alheia, música; se me toca, escrevo. Não necessariamente o
que eu vivi. Tenho uma frase que me justifica: ''Nem tudo o que escrevo, vivo
mas vivo tudo que escrevo (enquanto escrevo).''
T&QP – Que tipo de poesia você faz?
Lena Ferreira – Ultimamente,
tenho me aventurado pelas praias da prosa poética, curta, em recortes
cotidianos e intimistas, mas me arrisco nos sonetos embora não seja purista...
T&QP – O que
você mais gosta de escrever?
Lena Ferreira – Estou
sempre aberta a possibilidades e experimentações, não tenho preferência por
estilo literário. Poesia, poema, prosa, soneto, terceto...O que importa é
esvaziar-me daquilo que preenche o leitor pois creio na máxima de que ''o
poema, depois que nasce e é posto na ''rua'', deixa de ser de quem o escreveu,
passando a ser de quem o leu.'' É do leitor a interpretação dos signos. É o
leitor que dá o sentido à leitura, independente do que o escritor quis dizer.
T&QP – Qual é o
seu trabalho preferido, aquele pelo qual você tem um carinho especial?
Lena Ferreira – Escolher
um trabalho preferido seria como escolher um filho preferido...E em se tratando
de poemas, tenho muitos filhos prediletos mas deixo este que, talvez,
represente bem toda prole.
"Maresia"
Dormi com
tua voz roçando meu pensamento
em sussurros desavisados espasmódicos
lançando-me às paredes inaudíveis
dos quatro cantos de minha alma eufórica
Delirante,
cavalguei por madrugadas
- em sonhos ou seria realidade? -
somente eu sei o que
senti naquelas horas
onde tu vinhas e roubava-me o descanso
Ah...Se tu
soubesses o efeito que causaste
- da inoperância da razão na minha mente -
farias muito mais do que fazes agora
Adentrarias no meu
canto assim, silente,
silenciarias o meu verbo com um beijo
e soprarias maresia
em minha pele.
T&QP – Você já recebeu prêmios literários. Gostaria de citar alguns?
Lena Ferreira – Em
2010, a Editora Utopia da poeta Larissa Marques, através da comunidade do
Orkut, o BAR DO ESCRITOR, lançou um concurso nas categorias PROSA e POESIA onde
o vencedor de cada estilo teria sua obra publicada no ano seguinte. Tive,
então, o privilégio de ter meu primeiro livro solo de poesia publicado como
prêmio em 2011, ENTRE SONHOS.
T&QP – Como foi a experiência de lançar um livro seu?
Lena Ferreira – Lançar um livro é como ver um filho sair de casa ao mundo. Sabemos o que tem de nós nele mas não como vai ser recebido lá fora e essa expectativa é deliciosa.
T&QP – Quais
são seus projetos atuais?
Lena Ferreira – No
momento, trabalho no projeto itinerante Brincando com as Letras com alunos do
primeiro segmento do ensino fundamental visando estimular a leitura e a
construção de textos de maneira lúdica, incutindo desde cedo o prazer pela
leitura e estimulando a criatividade na escrita a partir de imagens, jogos e
contação de estórias.
T&QP – Em se
falando de literatura, qual a sua expectativa próxima?
Lena Ferreira – Recentemente,
recebi o convite do Clube dos Autores para publicar meu trabalho. Estou
trabalhando nisto no momento.
T&QP – Quais
são seus projetos para o futuro?
Lena Ferreira – A
curto prazo, concluir a seleção de poemas para o segundo livro e quem sabe um
terceiro. A longo prazo, implementar uma biblioteca de poesias com acesso livre
a todas as idades aqui no meu bairro.
T&QP – O que
você acha da poesia contemporânea?
Lena Ferreira – Aprecio
toda e qualquer poesia, todo estilo, desde os clássicos, rebuscados e mofados,
como dizem uns, mas a contemporânea é mais instigante pelos recursos linguísticos
utilizados, pelas possibilidades e dentro dela, o estilo que mais me atrai é o
hermetismo, onde as metáforas reinam. As obras de Manoel de Barros e Leminski
sempre me dão asas.
T&QP – Como
você acredita será o futuro da poesia?
Lena Ferreira – Creio
que a poesia ganhou força com a divulgação ampla de novos poetas através da
web, e daí, retomou espaço nos salões e praças em saraus e encontros livres
contagiando os passantes. É como um germe e não há, acredito, quem seja imune a
ela. Em breve, a máxima de que só poeta lê poesia, virá por terra.
T&QP – Defina
Lena Ferreira.
Lena Ferreira – Lanço
mão da poesia para tentar definir-me, embora seja uma tarefa inglória:
Nasci com algumas
vírgulas; no impulso
exclamações dançam na ponta da língua
e as interrogações,
num ato convulso,
saltam da boca com a saliva à míngua
Às vezes, os hiatos
tomam meu posto
e, assim como as vírgulas, de tempo em tempo,
parênteses e
aspas, a contragosto,
explicam o que logo se esvai com o vento
Esses detalhes,
conto eu em displicência
sem intenção de comover quem quer que seja
pois,
normalmente, vou espalhando reticência
onde o bendito ponto final, seu posto
almeja
"POEMEU" – nov.13
T&QP – Defina a
obra de Lena Ferreira em uma palavra.
Lena Ferreira – Intimista.
T&QP – Que
mensagem você gostaria de deixar para a posteridade?
Lena Ferreira – Leia,
leia, leia. Seja qual for o estilo literário, os benefícios que a leitura traz
para a mente, são incontáveis e, no mínimo, viajamos sem sair do lugar..
T&QP – Para
finalizar, onde o leitor pode acompanhar Lena Ferreira?
Lena Ferreira – Meu
blog mais recente é o PARESCÊNCIAS: www.parescencias-lenaferreira.blogspot.com.br. Publico com certa
frequência também no RECANTO DAS LETRAS: http://www.recantodasletras.com.br/autores/lenaferreira. Agradeço e parabenizo Toda & Qualquer Poesia pelo espaço e pela oportunidade, mais uma vez, de
divulgar o meu trabalho e um pouco mais de mim. Um grande abraço.
*
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1 comentários:
Mais uma vez, agradeço pelo carinho, JM della Rosa, com que conduziu esta entrevista e pelo privilégio de ''inaugurar'' este projeto que, com certeza, será um sucesso. Honrada aqui. Parabéns pelo espaço e pela gentileza. Forte abraço!
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